top of page
Buscar

Prefeitura do Rio confirma carnaval em 2022

  • Foto do escritor: Rebecca Alves
    Rebecca Alves
  • 19 de out. de 2021
  • 3 min de leitura

Para compensar a falta da folia em 2021, o município se prepara para 40 dias de festa sem medidas de distanciamento


O ano de 2021 foi o primeiro em que as ruas da cidade do Rio de Janeiro não foram tomadas por blocos carnavalescos desde 1889, quando surgiram os primeiros cortejos licenciados pela polícia do Rio. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, a Riotur, empresa de turismo do município, publicou um edital, no dia 20 de agosto, que prevê o desfile de 500 blocos oficiais entre 27 de janeiro e 6 de março de 2022. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, confirmou, no último dia 3, que a festa ocorrerá sem distanciamento ou medidas de restrição de público.

O carnaval de 1919 é considerado o maior de todos os tempos (imagem: Acervo Biblioteca Nacional)
O carnaval de 1919 é considerado o maior de todos os tempos (imagem: Acervo Biblioteca Nacional)

O carnaval de 2022 tem aspectos semelhantes à folia de 1919 que foi a festa pós-gripe espanhola e fim da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). A pandemia foi devastadora na cidade, matou ao menos 15 mil pessoas entre setembro e novembro de 1918. Ao final daquele ano, a população havia criado anticorpos, e o vírus deixou de ser uma ameaça. No dia 1º de março de 1919, os foliões foram comemorar nas ruas o que ficou conhecido como "o maior carnaval de todos os tempos".

No livro "Carnavais, malandros e heróis", o sociólogo Roberto DaMatta, faz uma análise do papel do nosso maior evento na construção da sociedade brasileira. Segundo ele, o carnaval representa o gozo da criatividade, do encontro e da liberdade. "Zona onde o tempo fica suspenso e uma nova rotina deve ser repetida ou inovada, onde os problemas são esquecidos ou enfrentados; pois aqui - suspensos entre a rotina automática e a festa que reconstrói o mundo - tocamos o reino da liberdade e do essencialmente humano (...) No carnaval, deixamos de lado nossa sociedade hierarquizada e repressiva, e ensaiamos viver com mais liberdade e individualidade", escreve.


O estudante de psiquiatria e saxofonista Gabriel Arruda, de 24 anos, julga o carnaval como um movimento cultural muito forte que não pode ser apagado, e que os cortejos de rua são parte da cultura carioca. O músico dos blocos Canários do Reino e Me Enterra na Quarta está confiante na realização do evento e prepara o repertório com os demais integrantes.


"No momento em que as pessoas retomarem às ruas e perceberem que está tudo bem, não vá ter quem fique pra trás. É uma coisa necessária do ser humano colocar essa energia pra fora. Impor suas pulsões na rua. É psicanalise, o que você reprime é o que você coloca para fora no carnaval. É o espaço que você se sente bem na relação com o outro, consegue suprir essa demanda do corpo de estar ali, de estar pulando e se divertindo. Carnaval é sobre isso. São sete dias para libertar tudo e depois retomar a vida pacata. Partilhar as ruas vai ser uma liberação geral. É possível que eu fique fora de casa por vários dias e tudo bem", afirma.


A diretora audiovisual e percussionista dos blocos Estratégia, Monobloco e Fogo e Paixão, Livia Gralato, de 33 anos, considera o carnaval um local de relação muito familiar. "É a última oportunidade de fazer amigos de infância", comenta. Mas ela não está tão otimista com o cenário de 40 dias de festejo. Para a musicista, o carnaval de 2022 vai ser muito polêmico, que considera que a folia do Momo será uma catarse e emoção muito grande para os que forem às ruas. "Vai ser um divisor de águas na história. Os blocos que voltaram em 2022 e os que esperaram", comenta.


Livia explica que os blocos podem ser divididos em três gerações: a primeira composta por nomes como Monobloco; a segunda, que pode ser representada pela Orquestra Voadora; e a terceira, formada por grupos mais recentes como Amores Líquidos e Canários do Reino. Ela acredita que os cortejos da primeira e segunda geração têm uma responsabilidade social maior com o público e, por isso, é difícil imaginar um desfile em 2022. A terceira geração, por sua vez, conhecida pela forte oposição política ao atual governo e por ter apoiado o cancelamento das festas em 2021, destaca, que há menos obrigação em educar os foliões.


Carnaval de rua em Santa Teresa, Rio de Janeiro (foto: Renata Feler)
Carnaval de rua em Santa Teresa, Rio de Janeiro (foto: Renata Feler)


 
 
 

Comentários


© 2024 por Becca Maria. Todos os direitos reservados.

bottom of page